Esta gravado, numa chapa negra de metal,nos portões do cemitério das idéias mortas, aquelas que serão, pelo tempo, esquecidas nos cantos frios e sombrios de minha mente, as palavras do poeta:
O Martírio do Artista
Arte ingranta! E conquanto, em desalento,
A órbita elipsoidal lhe arda,
Busca exteriorizar o pensamento
Que em suas fronetais células guarda!
Tarda-lhe a Idéia! A inspiração lhe tarda!
E ei-lo a tremer, rasga o papel, violento,
Como o soldado que rasgou a farda
No desespero do último momento!
Tenta chorar e os olhos sente enxutos!…
É como o paralítico que, à míngua
Da própria voz, e na que ardente o lavra
Febre de em vão falar, com os dedos brutos
Para falar, puxa e repuxa a língua,
E não lhe vem à boca uma palavra!
Augusto dos Anjos
PS: Mais uma vez o meu poeta preferido salva este blog do vazio.
PS2: Que estrutura sintática fantástica tem minha introdução: é explicação dentro de explicação!